As cinco etapas necessárias para a
formação de verdadeiros educadores cristãos
Muitas pessoas pensam que, para ensinar a Palavra de Deus, basta ser uma pessoa comunicativa, que fala pausada, clara e educadamente, e que tem uma formação na área pedagógica. Esses fatores são muito importantes no magistério, mas só isso não faz de uma pessoa um ensinador cristão.
No meio pentecostal, há aqueles que espiritualizam tudo e pensam que não precisa se preparar para ensinar a Palavra de Deus, pois Deus revelará tudo o que precisa no momento da aula. E só "abrir a boca e Deus a encherá". Confundem o ensino bíblico com profecia. Sendo assim, durante a aula, abandonam a lição e agem como se estivessem profetizando. Evidentemente, ninguém precisa se preparar para profetizar ou entregar uma revelação de Deus à Igreja. Isso vem do Espírito Santo, instantaneamente, e cabe ao portador do dom apenas entregar o que Deus mandou. Não é assim com o ensino bíblico.
Há ainda o grupo dos intelectuais, que pensam que, para ser um ensinador cristão, basta ter uma boa formação acadêmica, principalmente nas áreas de Teologia, Letras, Pedagogia, História e Filosofia. Estes normalmente gostam de exibir o próprio currículo e desprezam pessoas que não tiveram uma formação como a deles. Durante as aulas, usam palavras difíceis e não se preocupam se os alunos aprenderam. Querem apenas demonstrar erudição. É evidente que uma boa formação, principalmente na área teológica, contribui significativamente para o magistério cristão. Mas, o fato de ser um teólogo não faz de alguém um ensinador cristão.
Existe também o "grupo
dos clérigos", que pensam que pelo fato de serem obreiros são
automaticamente ensinadores cristãos. Conheci um presbítero que ficou irritado
porque o superintendente da Escola Dominical falou que iria testá-lo como
professor. Ele sentiu-se diminuído, pois entendia que o fato de ser presbítero
fazia dele naturalmente um professor. Bom, seria, se todos os presbíteros
fossem também professores, pois a Bíblia recomenda que os presbíteros estejam
aptos para ensinar (1Tm 3.2). Mas, infelizmente, esta não é a realidade atual
em todos os lugares.
Deus chamou algumas pessoas
para o ministério do ensino, mas o ensinador cristão precisa desenvolver a sua
chamada. Esse desenvolvimento é um processo que, naturalmente, passa por
algumas etapas ou estágios até chegar à sua execução final. Destaco abaixo cinco
etapas do desenvolvimento da chamada para o magistério cristão.
1.
Ter a chamada.
Existem dois tipos de
chamadas: a chamada geral para a evangelização, que é para todos os crentes profetas
e outros para pastores e mestres" (Ef 4.11). Paulo, por exemplo, sempre
iniciava as suas epístolas dizendo que ele fora "chamado para ser
apóstolo" (Rm 1.1; 1Co 1.1). O próprio Senhor Jesus falou para Ananias que
Saulo era um "vaso escolhido para levar o Evangelho diante dos reis e dos
filhos de Israel" (At 9.15). O professor da Escola Dominical também
precisa ter convicção de que Deus o chamou para esse ministério. Se não tiver a
chamada de Deus, é melhor não ir, pois a tarefa se tornará um peso para o
professor e para os alunos.
2.
Entender a chamada.
Depois da convicção de que
Deus nos chamou para o magistério cristão, devemos entender as dimensões da
nossa chamada. Normalmente, um homem ou uma mulher de Deus, quando é chamado(a)
por Deus para algum trabalho, sente-se incapaz. Isso se dá porque a pessoa
ainda não tem noção do que será a sua chamada. Por isso, é preciso orar a Deus
pedindo que Ele nos faça entender o que Ele quer que façamos para Ele. Também
devemos buscar informações com pessoas mais experientes sobre as dimensões e características
do ministério para o qual o Senhor nos chamou.
3.
Responder à chamada.
O terceiro passo desse
processo é responder à chamada de Deus, como fez Isaías: "Eis-me aqui,
envia-me a mim" (Is 6.8). Não basta ser chamado e entender a chamada. É
preciso estar disposto a fazer aquilo que Deus nos chamou para fazer e fazê-lo
com fidelidade. Ao responder à chamada de Deus, não podemos impor condições ou
escolher o que vamos fazer, como vamos fazer ou onde fazer. Ele chamou e o
comando é dEle. Se Deus nos chamou para ensinar a Sua Palavra em uma aldeia
indígena, ou em uma casinha de palha, com poucos ou com nenhum recurso didático
moderno à disposição, não podemos querer ensinar em uma igreja sede com
ar-condicionado, computador, retroprojetor, telão e salas de aulas bem
equipadas.
4.
Preparar-se para a chamada.
Deus nos chama e nos capacita
para a obra que Ele nos chamou. No caso dos dons espirituais, não há
necessidade de preparo, pois iremos entregar aquilo que Deus nos deu em um
determinado momento. Entretanto, no caso de dons ministeriais e de serviço,
precisamos fazer a nossa parte e nos preparar.
A) Preparo espiritual.
Antes de sermos professores,
somos crentes salvos e, como tal, precisamos nos exercitar na piedade, com
oração, jejum e meditação bíblica. O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo,
disse: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas;
porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem"
(1Tm 4.16). Isso nos ensina que antes do professor cuidar da doutrina, ou seja,
daquilo que ele vai ensinar, deve cuidar da sua espiritualidade. Para ter
autoridade, um ensinador cristão precisa ter vida com Deus através da oração,
da leitura da Bíblia e de uma vida em santidade.
B) Preparo
intelectual.
Assim como acontece na área
secular, não se pode ser professor sem ter uma formação. Claro que nem sempre é
possível termos professores na Escola Dominical com graduação ou pós-graduação.
Mas, não podemos ter professores semianalfabetos, que não entendem sequer o que
estão lendo. Devemos estudar o máximo que pudermos e ler bastante para ser um
bom professor. Não dá para o ensinador cristão trazer informações incorretas de
geopolítica, conhecimentos gerais, língua portuguesa, arqueologia, história
etc.
C) Preparo
pedagógico.
O ideal seria que todos os
nossos professores fizessem um curso de Licenciatura em Pedagogia ou, no
mínimo, fizessem curso de preparação para o magistério, para aprender métodos e
técnicas eficazes de ensino. Como nem sempre isso é possível, podemos buscar
estudos e dicas de profissionais da área pedagógica. Nas Assembleias de Deus,
temos muitos pedagogos piedosos que têm muito a nos ensinar. O maior exemplo é
o saudoso pastor Antonio Gilberto.
D) Preparo
teológico.
Fomos chamados para ensinar a
Palavra de Deus e, portanto, precisamos conhecê-la bem. O ideal seria que todos
os professores fizessem um curso de Bacharel em Teologia para ter um
conhecimento amplo sobre as doutrinas bíblicas. Se não for possível, precisamos
fazer, pelo menos, o curso médio, que, além da formação básica em Teologia,
traz disciplinas destinadas a obreiros.
5.
Executar a chamada.
O último estágio do
desenvolvimento da chamada é a sua execução. Não podemos passar a vida inteira
orando e nos preparando e não assumirmos a nossa chamada. O professor deve ser
exemplo para os fiéis: na vida espiritual, no asseio, na pontualidade, na
obediência e na submissão ao pastor, e na organização da sua aula. O professor
deve planejar minuciosamente a sua aula e executá-la, na medida do possível,
com criatividade, muita dedicação e eficiência.
Deus continua chamando
professores para a Sua obra! Vivemos na era da informação e o conhecimento está
ao alcance de todos. Entretanto, o ensino da Palavra de Deus ainda encontra
grandes dificuldades em nossas Igrejas. Temos poucos professores dispostos a
ensinar a Palavra de Deus e, entre os poucos que temos, ainda falta preparo.
Essas dificuldades às vezes obrigam os pastores a usarem pessoas que não foram
chamadas para este ministério. Que não seja assim.
Fonte: Ensinador Cristão – Ano 25, N° 96 Por :
Ev. Weliano Pires